Thursday, October 18, 2007

Homem Morto

"The ancient tradition that the world will be consumed in fire at the end of six thousand years is true, as I have heard from Hell. For the cherub with his flaming sword is hereby commanded to leave his guard at the tree of life, and when he does, the whole creation will be consumed and appear infinite and holy whereas it now appears finite & corrupt. This will come to pass by an improvement of sensual enjoyment. But first the notion that man has a body distinct from his soul is to be expunged; this I shall do, by printing in the infernal method, by corrosives, which in Hell are salutary and medicinal, melting apparent surfaces away, and displaying the infinite which was hid. If the doors of perception were cleansed every thing would appear to man as it is, infinite."
-William Blake, The Marriage of Heaven and Hell-

Tuesday, October 16, 2007

Frustração - a tragicidade das aparências

"Não tenho nada para fazer. Saio de casa com 10 euros no bolso das calças, uma tesoura de cortar as unhas e uma soqueira de plástico no bolso esquerdo do casaco Lonsdale, que comprei no Colombo há duas semanas. Apetece-me acção. Brigar, foder, fugir. Qualquer coisa que me acorde e me obrigue a dar valor ao aborrecimento do quotidiano. Reaprender a viver em sociedade. Procuro um qualquer bar cheio de gente e entro. Sento-me numa mesa perto do balcão. Peço uma Super Bock média. Sem nunca desviar o olhar primeiro, mantenho contacto visual com toda a gente, deixando sempre transparecer uma expressão neutra. Às mulheres que olham mais do que uma vez, sorrio. Existem muitos homens há minha volta. Muitas caras feias e bonitas, convencidos, limpos por fora e porcos por dentro – o tipo de gajos que as mulheres adoram mas que não aparecem em películas americanas. Sinto-me enganado por Hollywood. Sinto-me enganado pela puta da minha mãe que sempre me disse para ser simpático para as raparigas. De vez em quando, vou espreitando o grupo de quatro rapazes que estão na mesa ao fundo do bar, junto à mesa de bilhar. Todos na casa dos 25. Todos com aspecto de engatatões, mas não do tipo solitário ou original que românticos como eu têm tendência a admirar. Não, estes não têm uma réstea de carisma. São estandardizados, vestem roupa da Pull and Bear e têm cristas como a do Cristiano Ronaldo. Peço outra Super Bock média. Das colunas atrás de mim alguém nos ordena a ser a geração do amor. A geração do amor já passou. Talvez nunca tenha existido. Talvez seja tudo estético e nada seja realmente sentido. As mulheres na mesa ao lado olham para mim com desprezo. Têm corpos bons mas a maioria delas são feias. São pouco femininas. Aliás, as poucas mulheres desta cidade que sejam femininas, com cara bonita e um corpo bom vão-se embora mal tenham 18 ou 19 anos. Só ficam as adolescentes à espera de engravidar, ucranianas ou gajas de aldeia, ignorantes do caralho que nunca ouviram falar de Kid-A ou de Fausto. Eu também nunca ouvi nem nunca li nada disso, mas conheço o suficiente para manter uma conversa interessante. Sinto-me frustrado. Cresci a pensar que ia ser alguém na vida – sucesso na carreira, uma mulher bonita, casa branca nos subúrbios, um carro desportivo para mim e um utilitário familiar para ela, dois ou três filhos, televisão por cabo, piscina de plástico, essas merdas todas. Tenho 28 anos de idade e não tenho nada disso. Estou sozinho, o meu pai morreu há três anos, a minha mãe quero que se foda, a minha irmã não falo com ela desde a morte do meu pai, devido à cena que fiz no hospital. Tenho raiva de quem é feliz. Também eu fui feliz em tempos. Aprendi da forma mais difícil que quem é feliz mente e muitas das vezes ilude-se a si próprio. Estupidamente idealista, recusei-me a jogar o jogo, a entrar na farsa. Agora estou zangado comigo e com o mundo e pretendo demonstrá-lo. Levanto-me em direcção à casa de banho (detesto quem diz WC) e, sem querer, entorno um bocado da cerveja para o braço de um dos gajos na mesa do fundo. Ele reage violentamente com um “Olha aí, caralho!”, olho para ele e imploro-lhe “Dá-me um murro”. Tenho um sentido de justiça bastante acentuado, não sou capaz de bater em alguém sem ter a Razão do meu lado. Ele dá-me uma cabeçada no nariz. Fico a ver preto durante três ou quatro segundos. Cuspo-lhe na cara. Olho para ele uma segunda vez e noto que tem os braços desenvolvidos, provavelmente devido às infindáveis sessões de ginásio. Saio do bar e, graças a Deus, reparo que ele vem atrás de mim. “Queres mais, é?”. Estou agora no chão, a levar pontapés. Sem o induzir, vem-me à cabeça todos os animais que são torturados, todas as mulheres que são violadas, todos os manifestantes que são presos, todos os homossexuais que se suicidam. Tudo porque pessoas como esta simplesmente não querem saber. Tudo vem até mim. Não sou pessoa de brigar com murros. Levanto-me do chão de calçada, agarro-lhe no braço e mordo-lhe o dedo mindinho, arrancando-o e cuspindo-o no chão. Ele começa a chorar. Eu também. Meto-lhe as mãos dentro da boca e forço a abertura, rasgando-lhe os lábios. Agarro na tesoura que trouxe de casa e espeto-lha no olho direito, porque julgo que é esse o olho que ele usa para piscar às mulheres. Os amigos vêm agora em seu auxilio, para me dar a maior tareia que já levei na vida. Desmaio, completamente inconsciente, enquanto ouço alguém gritar "Chamem a polícia!". A dor que deveria sentir é sobreposta pelo rancor que sinto à crueza da humanidade e pela extrema felicidade que sinto na alma quando tenho aquele ultimo glimpse da cara completamente desfigurada do meu adversário."

Wednesday, October 3, 2007

Quotidiano Eborense

Tive hoje a minha primeira aula de Oficina de Prática Dramaturgica e Interpretação, com a professora Cristina Carvalhal, uma actriz e encenadora que vocês devem conhecer como a Laura que participou na série "Jornalistas", que passa actualmente na SIC Mulher. Ela pediu-nos para escrevermos o que quiséssemos sobre o nosso dia como trabalho de casa, para apresentarmos na próxima aula. Este é o meu trabalho, baseado no meu dia de hoje:

Évora, dia 3 de Outubro, 2007 anos depois do nascimento de nosso senhor Jesus Cristo, é um local muito especial para se estar. Vou-me apercebendo disso à medida que caminho sozinho pelo Largo Álvaro Velho, onde há uns dias atrás fui almoçar com a minha turma num restaurante chamado D. Quixote. Apetece-me dizer mal da Cristina (uma gaja da minha turma..) mas a única coisa que me vem à cabeça é uma trivialidade curiosa, que eu julgo ter visto no Biography Channel – Sigmund Freud, o famoso psicanalista, aprendeu espanhol para poder ler o D.Quixote no idioma original. Agora que penso nisso, talvez o tenha lido num daqueles suplementos que vinham com a revista Super Interessante. Mas isso agora não interessa para nada. Continuo a caminhar, em direcção à Praça do Giraldo. Paro num café chamado Zoka, perto da Igreja Meninos da Graça, onde o empregado, um daqueles homossexuais de armário provavelmente ressentido com o pai que lhe tocava quando criança, pede-me 2 euros por uma mini Carlsberg. Pago-lhe e prometo por amor de Deus nunca mais ali voltar. Porém, decido aproveitar e peço o jornal do dia. Ele traz-me o Correio da Manhã. Leio sobre a vitória do grande Sporting e sobre o caso da pequena Maddie – para variar, nada de novo. Na mesa ao lado, uma rapariga com uma cara que me faz duvidar da piedade de Deus, vai olhando insistentemente para o telemóvel. Deixo-me ficar por ali, à espera de uma iluminação ou algo que me entretenha até às 8 da noite, que é quando eu vou jantar.
Passam neste momento quinze minutos depois da sete da tarde. Estou aborrecido e não tenho mais nada para fazer a não ser olhar para as raparigas que passam na rua - principalmente para aquelas que nem sequer reparam em mim. À mesa ao lado chega mais uma rapariga, com não mais do que 15 ou 16 anos. Ouço a conversa delas que é mais ou menos assim:
- Desculpa o atraso, não deu mesmo para chegar mais cedo. Eu queria mandar-te uma mensagem a avisar que ia chegar um bocado tarde, mas não dava mesmo. Estava na explicação, vou ter teste de Química daqui a duas semanas e a mulher queria que eu ficasse lá mais tempo porque estava a dizer que eu ainda tinha muitas dificuldades em certas partes da matéria. Então e tu, que é que contas? Tens estado aqui sozinha? – entretanto vai mexendo o café que pediu mal chegou, apesar de não ter metido açucar. Achei isso no mínimo curioso, é como se fosse um reflexo incondicionado.
A amiga responde-lhe:
- Não, achas que sim? Estive aqui com um bocado com o Miguel. Foi-se embora há 5 minutos ou assim, acho que foi para o ginásio.
Obviamente, ela estava a mentir. Estou aqui há mais de quinze minutos e ela esteve sempre sozinha.
- Qual Miguel? – pergunta-lhe.
- O Miguel que andava lá na escola o ano passado. Costumava andar com o grupo da Ana Vicente e do Matias. Sabes?
- Não estou a ver quem é… - responde-lhe a amiga, que bebe o café de uma só vez e faz uma careta própria de quem não está habituada a beber café sem açucar -...não é o Migas da Joana, pois não?
- Não, parva! Achas mesmo que esse vai ao ginásio? É melhor esquecer… - reparo que ela tenta desesperadamente mudar o rumo da conversa - …quem é aquele gajo que vinha aí contigo?
O resto da conversa já não ouvi.
Apetece-me fumar algo, nem que seja um cigarro. Depois lembro-me que os cigarros, além de provocarem o rápido envelhecimento da pele, causam mau hálito e mais uma meia centena de contratempos. Peço antes um copo de água e saio da esplanada, agora sim, em direcção à Praça do Giraldo. Chegado à Praça do Giraldo ouço um grupo de cerca de quinze caloiros a anunciarem alto e em bom som que o curso da UE com mais alegria é o curso de Economia. Vou pensando no quão alegres eles devem realmente estar, com penicos na cabeça e caras pintadas de cor-de-rosa. Tenho pena daqueles pobres bastardos - pensar que muitos deles vão passar o resto da vida à frente de secretárias, a fazerem contas de calculadora super-complexas e a alimentarem o sonho de, nem que seja por um só dia, virem a experimentar a verdadeira alegria de viver. Tiro o telemóvel do bolso para ver as horas, tenho uma mensagem recebida da Susana, uma estudante de Enfermagem que conheci no dia das matrículas, a perguntar-me o que é que vou fazer hoje à noite. Vou ponderando naquilo que hei-de responder enquanto me sento no Papasandes e peço uma tosta de carne assada e uma Super Bock média...

Friday, September 28, 2007

(S)em direcção a casa



21 horas e 29 minutos. No expresso que faz o percurso entre Lisboa e Santarém, com o portátil ligado à Internet, a ouvir o primeiro álbum de Bob Dylan nos fones, a beber uma Sagres de lata que consegui escapulir para dentro do autocarro, a escrever no diário com um sorriso malandro de quem confessa a si próprio vivências falsas a quem está de fora...

Wednesday, September 26, 2007

I-Doser

Um novo significado para a expressão "Eu venho ás festas pelo som". I-Doser é um programa de computador que emite "doses" de ondas sonoras , aparentemente para interferir nas ondas cerebrais do usuário. Essas ondas sonoras estão disponíveis no site oficial do programa . Estas devem ser compradas e o uso delas é limitado, não sendo possível seu re-uso depois de algumas "doses". Segundo os autores do programa, essas ondas sonoras procuram causar efeitos físicos e mentais similares às drogas recreativas, tais como Heroína , Cannabis, Peyote , Valium, Cocaína e até Café (já sei que som vou pôr no despertador). Convém dizer que o uso do I-Doser não oferece o mínimo risco à saúde física, porém, a mistura ou o seu uso indiscriminado poderá causar efeitos indesejados. Quem tem tempo da vida para gastar e quer fazer o download gratuito do programa, é favor clicar aqui ou aqui. Mas também pode ser aqui.
Depois contem-me como foi, vou só num instante ali a Coruche.

Tuesday, September 25, 2007

Cantinho do Ódio nº2 - Traduções dos títulos dos filmes no Brasil

Sei que para atrair até mim situações positivas devo-me focar naquilo que gosto e que me faz sentir bem, em vez de dedicar o meu tempo a apontar as coisas que me incomodam, por mais estúpidas e supérfluas que sejam. É o principio da Lei da Atracção - pensamento nova-era e sem fundamentos científicos pelo qual me sinto atraído. Mas não é sobre isso que este post se trata. Estou aqui para falar de algo que me incomoda desde que me deparei com a tradução brasileira do clássico Eddie Murphiano "Beverlly Hills Cop", que é nada mais nada menos do que "Um tira da pesada".

Ódio Nº2:
Traduções dos títulos dos filmes no Brasil.

Dá vontade de arrancar os olhos, não dá? É que, além de adulterarem completamente o sentido original do título, parece que é traduzido por crianças de seis anos para atrair crianças de oito. Sem querer de forma alguma entrar em exaltações patrióticas, devo confessar que a maioria das traduções feitas para o português europeu (sim, é legítimo dizer-se "português europeu"...) são consistentes e, mesmo quando não literais, conseguem manter o sentido original do título.
Outros exemplos de traduções dos títulos americanos que estrearam nas salas no Brasil, a parêntesis estão os títulos que estrearam em Portugal:
Ocean's 13 (Ocean's 13) - Treze Homens e Um Novo Segredo
Rush Hour (Hora de Ponta) - A Hora do Rush
Epic Movie (Filme Épico) - Deu a Louca em Hollywood
Band Camp (Campo de Férias) - Tocando a Maior Zona
Wedding Crashers (Fura-Casamentos) - Penetras Bons-de-Bico
Eurotrip (Eurotrip) - Passaporte para a Confusão
The Godfather (O Padrinho) - O Poderoso Chefão

Mas nada bate estes, que eu vi aqui:
Smokey & The Bandit - Agarra-me Se Puderes (como é que eles terão traduzido o "Catch Me If You Can" do Spielberg?)
Smokey & The Bandit 2 - Desta Vez Te Agarro
Smokey & The Bandit 3 - Agora Você Não Escapa
Caso venha a surgir uma quarta sequela, aqui fica a minha ideia para o título:
Smokey & The Bandit 4 - Aposto Contigo 5 Reais Em Como Te Apanho Nem Que Tenha Que Te Dar Um Tiro.
Que tal?

Adivinha quem voltou!

Depois de um atribulado e nada produtivo momento de blogueio (sim, de blog...) criativo, decidi voltar a escrever no Objectivista. Não que algum dia tencionei deixar de escrever - muito pelo contrário. Ideias não me faltam, simplesmente não me tenho encontrado nas melhores circunstâncias ou então não me tem apetecido. É favor ler o último post, quem não sabe a que me refiro. Pois bem, irmãs e irmãos, aqui estou eu de novo com os posts mais je ne sais pas da blogosfera. Mesmo assim, sinto necessidade de justificar a minha ausência, principalmente para com aqueles que meteram o link do Objectivista nas suas hiperligações - a razão pelo qual eu não escrevi prende-se com uma estranha inquietação por minha parte de que, se escrevo sobre determinado assunto, tenho sempre em conta o que é que certa pessoa vai pensar a respeito. Decidi não escrever sobre o que me inquieta. Em vez disso, vou recalcar e continuar a estudar para, quando tiver nos meus trinta e poucos, ter dinheiro para pagar um psicólogo. Ou então para gastar em álcool e prostitutas. Isso depois vê-se...

Grato pela compreensão.

Friday, August 10, 2007

Procrastinação - Amanhã vou deixar de o ser

Passo dias, noites, uma vida inteira à espera de uma iluminação. Algo simples mas concreto. Não necessariamente um acesso a toda a sabedoria universal. Nada disso, quero algo instantâneo - que me faça abrir os olhos e me obrigue a ganhar alguma atitude perante a vida, perante as outras pessoas e, principalmente, perante mim.
Por vezes acredito que preciso de uma tragédia - a morte de um familiar, um acidente, uma desilusão amorosa, uma ameaça de morte... enfim, um empurrãozinho. (Mascaro toda a angústia e transformo-a em algo risível. Há quem considere isso uma dádiva, mas no meu caso é um entrave à confrontação de dúvidas e, consequentemente, à mudança).
E penso: será mesmo necessário atingir uma circunstância extrema para eu mudar? Porque não me basta o amor próprio? Será que não me amo o suficiente?
(Oh, meu deus. Pânico.)
Confesso que mais facilmente me motivo por sentimentos de ódio e inveja do que por amor próprio. Isso é errado, eu sei. Mas já há muito que alguém disse que a sinceridade é a arma dos fracos e, neste momento, é assim que me sinto. Peço desculpa a quem possa ficar incomodado.
Mais um dia, mais um sonho adiado. Procrastinação, é o que lhe chamam os psicólogos. É curioso quando descobrimos o nome de algo prejudicial a que nos acomodámos há tantos anos atrás. Faz-nos pensar "Espera lá, alguma coisa não está bem". E não me refiro a perturbações de foro psicológico a que alguns pseudo-perturbados se auto-diagnosticam após lerem meia-dúzia de sintomas no DSM-IV. Deixo isso para quem estuda e entende disso. Não, refiro-me a algo do foro emocional. Algo com o qual me posso identificar.
É como se, inconscientemente, quisesse pertencer a um grupo restrito, sem nome nem identidade, sem espaço ou localidade concreta. Algo abstracto. Sim, porque é tão fácil ser-se abstracto num mundo em que tudo é catalogado, comparado, seleccionado, etc. Porém, a partir do momento em que me identifiquei com algo previamente instituído, senti uma desilusão tremenda, para com o mundo e para comigo próprio. Pensava ser único, mas na verdade era igual a todos os outros que querem à força ser diferentes.
Descubro o amor e, como que de repente, sinto-me identificado não com um grupo, mas com uma pessoa. Se o amor próprio não me bastava, compenso agora com a vontade de fazer alguém feliz - alguém que não eu. Porque sinceramente, e não tão raramente quanto alguns possam pensar, questiono-me se de facto merecerei ser feliz...

"A quem me ama, obrigado. A quem me odeia, muitíssimo obrigado." - João P. Veiga

Tuesday, August 7, 2007

Cantinho do Ódio nº1 - Pessoas que dizem que estou errado quando tenho a certeza que estou certo

Decidi criar uma nova atracção no meu blog à qual vou dar o nome "Cantinho do Ódio". Basicamente o que vou fazer é referenciar todas as coisas das quais eu, particularmente, não gosto ou pelas quais sinto um desprezo de estimação, o que pode incluir celebridades, programas de televisão, etc..
Acredito, muito sinceramente, que as coisas que eu odeio dirão muito mais sobre mim do que qualquer testamento que eu possa escrever sobre a minha pessoa.

Ódio Nº1:
Pessoas que dizem que estou errado quando tenho a certeza que estou certo.

Creio que não preciso de explicar muito, já toda a gente passou por esta frustração. Acontece muito em discussões sobre a nacionalidade do Che Guevara, sobre a forma como o Bob Marley morreu ou sobre trivialidades tão insignificantes que nem sequer me vêem à cabeça.
Para provar o meu ponto de vista digo quase sempre: "Vamos ver à Wikipedia!".
Dizem-me: "Ah, agora vou mesmo à net só para isso!".
Pior mesmo é quando não há forma de provar de que estou certo. Quando era criança os mentirosos acabavam sempre o argumento com "Se não acreditas, pergunta à minha mãe". E eu normalmente calava-me.
E, meu deus(!), ainda pior é quando eu, após meia-hora de discussão, provo que estava certo e me dizem "Pronto, leva lá a bicicleta" ou assim. Simplesmente odeio isso.

Tuesday, July 31, 2007

Reminiscências Pt.2 - A insanidade lógica do quotidiano

O despertador toca. Repetidamente. Insistentemente. Abro os olhos e, com o mínimo de racionalidade que me resta, levanto-me da cama para sobreviver mais um dia. Como uma maçã. Faço dez séries de vinte abdominais e quinze quilómetros de bicicleta ergonómica. "Inspira, expira... relaxa, concentra-te.. tu és capaz, David!". No fim do banho, limpo a cara com um gel de exfoliação suave. Humedeço um disco de algodão com um tónico e passo pelo rosto. De seguida, aplico uma loção de tratamento anti-oleosidade e, como dormi pouco mais de quatro horas, espalho também um pouco de creme de menta pelo contorno dos olhos, para disfarçar a fadiga. Faço a barba, aplico um after-shave sem álcool e, com a pele ainda húmida, massajo a cara com um óleo hidratante. Para moldar o cabelo, uso um gel de hortelã com uma fórmula refrescante e enriquecido com hidratos de carbono, que realça o brilho natural do couro cabeludo. Olho-me ao espelho. Sinto-me bem ao constatar que estou em forma. Na cozinha, o pequeno Golden Retriever que eu adoptei ainda dorme, com uma pata a tapar os olhos por causa da luz do sol que entra pelos estores da varanda. Dez minutos antes do pequeno-almoço, tomo um suplemento vitamínico e bebo uma ampola diurética, diluída num copo com água tónica. Aqueço meio litro de leite, junto duas colheres de chocolate em pó e uma colher de mel. Como quatro tostas de pão integral com manteiga de baixo teor calórico, compota de pêssego e umas tiras de presunto. Entretanto, leio o jornal que comprei ontem no quiosque à frente do tribunal. Apago todas as luzes, acendo o primeiro cigarro do dia e saio de casa em direcção à sede do jornal para mais um dia de trabalho...

"Devemos todos sofrer de uma de duas dores: a dor da disciplina ou a dor do ressentimento. A diferença reside no facto de que a disciplina pesa gramas enquanto que o ressentimento pesa toneladas" - Jim Rohn

Wednesday, July 25, 2007

Olha! Um post novo?


Não, ainda não é hoje. Tenho andado muito ocupado... com coisas!
Mas enquanto esperam aqui fica um pequeno entretenimento para as 3 ou 4 pessoas que vêm ver este blog:
American Dad vs Family Guy Kung-Fu II Turbo! Hyper-Mega Edition

Depois não digam que não sou amigo!

Wednesday, July 18, 2007

Parabéns, Doutor!

"Alguns podem não viver, mas os malucos nunca morrem" - HST (R.I.P.)

Um mestre. Uma influência. Um anti-herói.
Estarás sempre presente em mim. Sempre.

Mahalo.

Tuesday, July 10, 2007

Amor - emoção cliché?

Escrevo enquanto olho para ti.
Abstraio-me do mundo para me concentrar nas tuas formas.
Morro e renasço, na fracção de um olhar trocado ingenuamente.
Enquanto olho para ti, escrevo sobre ti.
Assinalo todos os teus defeitos e adoro-os.
A tua boca, o teu nariz, o teu cabelo.
Tudo em ti é divino e, ao mesmo tempo, solenemente imperfeito.
Ao mesmo tempo que escrevo sobre ti, vou recitando para ti.
Enches-me a Alma.
Poder olhar para ti, sabendo que não me podes ver.
Quero queimar tudo o que escrevi sobre ti.
Quero escrever de novo.
Voltar a sentir o pleno deleite de quando penso em ti;
e o agónico desespero de não te poder tocar...

Thursday, June 28, 2007

Lisboa - O angustiante olhar da sobriedade

Diz-me, onde pára ele? Oh, o nostálgico relembrar de uma Lisboa perdida!
Aquela da infância, preenchida por automóveis fumadores, luzes incandescentes e uma dor de cabeça bem merecida ao fim do dia. A agitação frenética dos humanos que se cruzam vezes sem conta, sem sequer darem conta disso. (Não, não era minha intenção fazer um jogo de palavras barato numa tentativa de embelezar o texto! Quem me conhece sabe que não me meto nisso!). Os cenários cinzentos e monótonos de Lisboa. O combustível humano que é accionado à base da indiferença. Os museus. As memórias individuais. Flashes. Nostalgia sufocante. E se a minha melhor recordação de Lisboa nunca tivesse, de facto, acontecido? Pânico.
Lembro-me das noites de Bairro Alto, regadas a Absinto e inconsciência juvenil - o inicio da perda da inocência. Drogas. Tentativas de engate frustradas. Diálogos existencialistas com taxistas. O sobressalto constante dos assaltos. Agora que olho para trás, choro pelo que me deveria fazer sorrir. Para mim, o recordar será sempre algo triste e melancólico.
Quando penso nessa Lisboa adolescente e cheia de vida, apercebo-me que o nosso maior crime era somente a Diversão. Por vezes rude, por vezes absurda - mas mesmo assim Diversão.
Eram tempos complicados e o nosso comportamento era reflexo disso. E eu era bom nisso. No alinhar. No fazer parte. No estar na linha da frente.
Ah, Lisboa! Morro por dentro quando me lembro dos túneis, do anoitecer, dos semáforos compactos e do irritante tráfico. Vou olhando o rio que jaz sobre a ponte e lambo as lágrimas que temperam o sabor horrível da seguinte constatação: a Lisboa que eu conheço já não existe. Jaz.

Wednesday, June 27, 2007

Álcool - O desespero boémio de uma realidade concreta


O álcool. A faca que rompe a ténue linha que divide o génio do louco. Escondo-me, embriagado pelo confortável desespero da ressaca. Quantos mais dias vou ter que aturar isto? Passar o dia seguinte a ponderar se hei-de dizer alguma coisa às pessoas lesadas pelas minhas acções, numa tentativa de aliviar o incómodo causado - "Desculpa ter-te atirado um isqueiro de metal à cabeça"; "Desculpa ter vomitado na tua piscina"; "Desculpa, juro que não sabia que era tua irmã" - mas raramente o faço. Tenho medo de ser visto como um ser errante e imperfeito. Gosto de pensar que tudo segue um plano racional, que eu tenho controlo sobre tudo o que faço. Escondo-me por detrás da máscara a que eles dão o nome de sarcasmo. Tu que lês: este que tu conheces não sou eu. Neste momento, deambulo pelo quarto, a dar voltas mentais em torno de um episódio - luzes brancas, telemóveis com novas mensagens recebidas, batatas fritas e imperial, mau hálito, meninas convencidas e bonitas, outras feias ou comprometidas, um rápido e inconcreto olhar no espelho, um susto. Porquê esta sina? De onde vem este embaraço? Culpo o álcool pelas minhas acções. Cego pelo excesso de luxo e caos, esqueci-me de analisar a perspectiva que me coloca no papel de vilão. Não me culpo por beber. Isso, meu amigo, é errado.

Thursday, June 21, 2007

Reminiscências Pt.1 - A Inevitável Solidão do Ser Pensante


Sinto-me velho, perseguido pelas saudades da vida que eu nunca tive, das mulheres que eu nunca amei e das viagens que eu nunca fiz - oportunidades para sempre perdidas, trocadas por infindos momentos de decepção e desespero cataléptico. O sonho de um passado tão distante e, ao mesmo tempo tão próximo, remete-me para uma outra reencarnação.
“Diz-me com quem andas, dirarte-ei quem és” - alguém, cujo nome não me recordo agora, certo dia afirmou que as amizades de um individuo são a extensão da personalidade deste. Quem o disse decerto que não estava de todo errado. Porém, esqueceu-se de reflectir sobre um ponto importante: qual é a extensão da personalidade de uma pessoa que não tem amigos? Será válida a personalidade de todos os homens e mulheres que fazem da televisão um fiel amigo ou de uma garrafa de vinho um confidente?

Reflicto nisso. Suspiro.

Tuesday, June 12, 2007

A beleza está nos olhos de quem a vê!

Um crítico de arte do Reynolds News pergunta a Jackson Pollock:
"O que é que justifica o elevado preço dos seus quadros?"
Pollock respondeu:
"Em primeiro lugar, têm a minha assinatura. Em segundo, se não os vendesse a este preço, ninguém lhes daria valor"

Esclarecido?!

Monday, June 11, 2007

Espelho mágico, espelho meu, diz-me que génio compositor sou eu!

"God's away...
God's away...
God's away in business...
Business!"

Confesso que não estava à espera de uma resposta tão precisa. Mr. Waits teve grande influência na minha vida. Ainda tem.
Outro ponto positivo a salientar é que não sou o Kurt nem o Jim nem nenhum cliché gasto... além de que espero viver mais do que 27 anos!
A ver vamos...

Experimenta aqui.