Wednesday, June 27, 2007

Álcool - O desespero boémio de uma realidade concreta


O álcool. A faca que rompe a ténue linha que divide o génio do louco. Escondo-me, embriagado pelo confortável desespero da ressaca. Quantos mais dias vou ter que aturar isto? Passar o dia seguinte a ponderar se hei-de dizer alguma coisa às pessoas lesadas pelas minhas acções, numa tentativa de aliviar o incómodo causado - "Desculpa ter-te atirado um isqueiro de metal à cabeça"; "Desculpa ter vomitado na tua piscina"; "Desculpa, juro que não sabia que era tua irmã" - mas raramente o faço. Tenho medo de ser visto como um ser errante e imperfeito. Gosto de pensar que tudo segue um plano racional, que eu tenho controlo sobre tudo o que faço. Escondo-me por detrás da máscara a que eles dão o nome de sarcasmo. Tu que lês: este que tu conheces não sou eu. Neste momento, deambulo pelo quarto, a dar voltas mentais em torno de um episódio - luzes brancas, telemóveis com novas mensagens recebidas, batatas fritas e imperial, mau hálito, meninas convencidas e bonitas, outras feias ou comprometidas, um rápido e inconcreto olhar no espelho, um susto. Porquê esta sina? De onde vem este embaraço? Culpo o álcool pelas minhas acções. Cego pelo excesso de luxo e caos, esqueci-me de analisar a perspectiva que me coloca no papel de vilão. Não me culpo por beber. Isso, meu amigo, é errado.

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