Passo dias, noites, uma vida inteira à espera de uma iluminação. Algo simples mas concreto. Não necessariamente um acesso a toda a sabedoria universal. Nada disso, quero algo instantâneo - que me faça abrir os olhos e me obrigue a ganhar alguma atitude perante a vida, perante as outras pessoas e, principalmente, perante mim.
Por vezes acredito que preciso de uma tragédia - a morte de um familiar, um acidente, uma desilusão amorosa, uma ameaça de morte... enfim, um empurrãozinho. (Mascaro toda a angústia e transformo-a em algo risível. Há quem considere isso uma dádiva, mas no meu caso é um entrave à confrontação de dúvidas e, consequentemente, à mudança).
E penso: será mesmo necessário atingir uma circunstância extrema para eu mudar? Porque não me basta o amor próprio? Será que não me amo o suficiente?
(Oh, meu deus. Pânico.)
Confesso que mais facilmente me motivo por sentimentos de ódio e inveja do que por amor próprio. Isso é errado, eu sei. Mas já há muito que alguém disse que a sinceridade é a arma dos fracos e, neste momento, é assim que me sinto. Peço desculpa a quem possa ficar incomodado.
Mais um dia, mais um sonho adiado. Procrastinação, é o que lhe chamam os psicólogos. É curioso quando descobrimos o nome de algo prejudicial a que nos acomodámos há tantos anos atrás. Faz-nos pensar "Espera lá, alguma coisa não está bem". E não me refiro a perturbações de foro psicológico a que alguns pseudo-perturbados se auto-diagnosticam após lerem meia-dúzia de sintomas no DSM-IV. Deixo isso para quem estuda e entende disso. Não, refiro-me a algo do foro emocional. Algo com o qual me posso identificar.
É como se, inconscientemente, quisesse pertencer a um grupo restrito, sem nome nem identidade, sem espaço ou localidade concreta. Algo abstracto. Sim, porque é tão fácil ser-se abstracto num mundo em que tudo é catalogado, comparado, seleccionado, etc. Porém, a partir do momento em que me identifiquei com algo previamente instituído, senti uma desilusão tremenda, para com o mundo e para comigo próprio. Pensava ser único, mas na verdade era igual a todos os outros que querem à força ser diferentes.
Descubro o amor e, como que de repente, sinto-me identificado não com um grupo, mas com uma pessoa. Se o amor próprio não me bastava, compenso agora com a vontade de fazer alguém feliz - alguém que não eu. Porque sinceramente, e não tão raramente quanto alguns possam pensar, questiono-me se de facto merecerei ser feliz...
"A quem me ama, obrigado. A quem me odeia, muitíssimo obrigado." - João P. Veiga
Friday, August 10, 2007
Tuesday, August 7, 2007
Cantinho do Ódio nº1 - Pessoas que dizem que estou errado quando tenho a certeza que estou certo
Decidi criar uma nova atracção no meu blog à qual vou dar o nome "Cantinho do Ódio". Basicamente o que vou fazer é referenciar todas as coisas das quais eu, particularmente, não gosto ou pelas quais sinto um desprezo de estimação, o que pode incluir celebridades, programas de televisão, etc..
Acredito, muito sinceramente, que as coisas que eu odeio dirão muito mais sobre mim do que qualquer testamento que eu possa escrever sobre a minha pessoa.
Ódio Nº1:
Pessoas que dizem que estou errado quando tenho a certeza que estou certo.
Creio que não preciso de explicar muito, já toda a gente passou por esta frustração. Acontece muito em discussões sobre a nacionalidade do Che Guevara, sobre a forma como o Bob Marley morreu ou sobre trivialidades tão insignificantes que nem sequer me vêem à cabeça.
Para provar o meu ponto de vista digo quase sempre: "Vamos ver à Wikipedia!".
Dizem-me: "Ah, agora vou mesmo à net só para isso!".
Pior mesmo é quando não há forma de provar de que estou certo. Quando era criança os mentirosos acabavam sempre o argumento com "Se não acreditas, pergunta à minha mãe". E eu normalmente calava-me.
E, meu deus(!), ainda pior é quando eu, após meia-hora de discussão, provo que estava certo e me dizem "Pronto, leva lá a bicicleta" ou assim. Simplesmente odeio isso.
Acredito, muito sinceramente, que as coisas que eu odeio dirão muito mais sobre mim do que qualquer testamento que eu possa escrever sobre a minha pessoa.
Ódio Nº1:
Pessoas que dizem que estou errado quando tenho a certeza que estou certo.
Creio que não preciso de explicar muito, já toda a gente passou por esta frustração. Acontece muito em discussões sobre a nacionalidade do Che Guevara, sobre a forma como o Bob Marley morreu ou sobre trivialidades tão insignificantes que nem sequer me vêem à cabeça.
Para provar o meu ponto de vista digo quase sempre: "Vamos ver à Wikipedia!".
Dizem-me: "Ah, agora vou mesmo à net só para isso!".
Pior mesmo é quando não há forma de provar de que estou certo. Quando era criança os mentirosos acabavam sempre o argumento com "Se não acreditas, pergunta à minha mãe". E eu normalmente calava-me.
E, meu deus(!), ainda pior é quando eu, após meia-hora de discussão, provo que estava certo e me dizem "Pronto, leva lá a bicicleta" ou assim. Simplesmente odeio isso.
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