O despertador toca. Repetidamente. Insistentemente. Abro os olhos e, com o mínimo de racionalidade que me resta, levanto-me da cama para sobreviver mais um dia. Como uma maçã. Faço dez séries de vinte abdominais e quinze quilómetros de bicicleta ergonómica. "Inspira, expira... relaxa, concentra-te.. tu és capaz, David!". No fim do banho, limpo a cara com um gel de exfoliação suave. Humedeço um disco de algodão com um tónico e passo pelo rosto. De seguida, aplico uma loção de tratamento anti-oleosidade e, como dormi pouco mais de quatro horas, espalho também um pouco de creme de menta pelo contorno dos olhos, para disfarçar a fadiga. Faço a barba, aplico um after-shave sem álcool e, com a pele ainda húmida, massajo a cara com um óleo hidratante. Para moldar o cabelo, uso um gel de hortelã com uma fórmula refrescante e enriquecido com hidratos de carbono, que realça o brilho natural do couro cabeludo. Olho-me ao espelho. Sinto-me bem ao constatar que estou em forma. Na cozinha, o pequeno Golden Retriever que eu adoptei ainda dorme, com uma pata a tapar os olhos por causa da luz do sol que entra pelos estores da varanda. Dez minutos antes do pequeno-almoço, tomo um suplemento vitamínico e bebo uma ampola diurética, diluída num copo com água tónica. Aqueço meio litro de leite, junto duas colheres de chocolate em pó e uma colher de mel. Como quatro tostas de pão integral com manteiga de baixo teor calórico, compota de pêssego e umas tiras de presunto. Entretanto, leio o jornal que comprei ontem no quiosque à frente do tribunal. Apago todas as luzes, acendo o primeiro cigarro do dia e saio de casa em direcção à sede do jornal para mais um dia de trabalho..."Devemos todos sofrer de uma de duas dores: a dor da disciplina ou a dor do ressentimento. A diferença reside no facto de que a disciplina pesa gramas enquanto que o ressentimento pesa toneladas" - Jim Rohn


