Monday, February 9, 2009
Wednesday, February 13, 2008
Memórias de Salão
"Chegado a casa, acendo um cigarro, abro uma cerveja e sento-me no parapeito da minha varanda. No céu, o reluzente mar de estrelas ilumina o infinito, relembrando-me da pequenez da condição humana. Dentro de casa, o Bebop do Miles Davis invade a minha sala de estar com tonalidades melancólicas e solitárias, provando ser o acompanhamento ideal para aquilo que eu espero que venha a ser uma noite de decadência, choro e introspecção. Apago o cigarro a meio e, à medida que o fumo se desvanece lentamente no ar, um derradeiro sentimento de culpa apodera-se de mim.
Eterna nostalgia.
As memórias arrependidas desfilam aleatoriamente na minha mente, causando-me uma embriaguez de vertigens, rancor e ressentimento. As más recordações sobrepõem-se às boas recordações e o medo, ou pior, a certeza de não poder voltar atrás asfixia-me a alma.
Sinto-me velho, perseguido pelas saudades da vida que eu nunca tive, das mulheres que eu nunca amei e das viagens que eu nunca fiz - oportunidades para sempre perdidas, trocadas por infindos momentos de decepção e desespero cataléptico. O sonho de um passado tão distante e, ao mesmo tempo tão próximo, remete-me para uma outra reencarnação.
Reflicto nisso. Suspiro." - David Silvéria
Thursday, October 18, 2007
Homem Morto
Tuesday, October 16, 2007
Frustração - a tragicidade das aparências
Wednesday, October 3, 2007
Quotidiano Eborense
Évora, dia 3 de Outubro, 2007 anos depois do nascimento de nosso senhor Jesus Cristo, é um local muito especial para se estar. Vou-me apercebendo disso à medida que caminho sozinho pelo Largo Álvaro Velho, onde há uns dias atrás fui almoçar com a minha turma num restaurante chamado D. Quixote. Apetece-me dizer mal da Cristina (uma gaja da minha turma..) mas a única coisa que me vem à cabeça é uma trivialidade curiosa, que eu julgo ter visto no Biography Channel – Sigmund Freud, o famoso psicanalista, aprendeu espanhol para poder ler o D.Quixote no idioma original. Agora que penso nisso, talvez o tenha lido num daqueles suplementos que vinham com a revista Super Interessante. Mas isso agora não interessa para nada. Continuo a caminhar, em direcção à Praça do Giraldo. Paro num café chamado Zoka, perto da Igreja Meninos da Graça, onde o empregado, um daqueles homossexuais de armário provavelmente ressentido com o pai que lhe tocava quando criança, pede-me 2 euros por uma mini Carlsberg. Pago-lhe e prometo por amor de Deus nunca mais ali voltar. Porém, decido aproveitar e peço o jornal do dia. Ele traz-me o Correio da Manhã. Leio sobre a vitória do grande Sporting e sobre o caso da pequena Maddie – para variar, nada de novo. Na mesa ao lado, uma rapariga com uma cara que me faz duvidar da piedade de Deus, vai olhando insistentemente para o telemóvel. Deixo-me ficar por ali, à espera de uma iluminação ou algo que me entretenha até às 8 da noite, que é quando eu vou jantar.
Passam neste momento quinze minutos depois da sete da tarde. Estou aborrecido e não tenho mais nada para fazer a não ser olhar para as raparigas que passam na rua - principalmente para aquelas que nem sequer reparam em mim. À mesa ao lado chega mais uma rapariga, com não mais do que 15 ou 16 anos. Ouço a conversa delas que é mais ou menos assim:
- Desculpa o atraso, não deu mesmo para chegar mais cedo. Eu queria mandar-te uma mensagem a avisar que ia chegar um bocado tarde, mas não dava mesmo. Estava na explicação, vou ter teste de Química daqui a duas semanas e a mulher queria que eu ficasse lá mais tempo porque estava a dizer que eu ainda tinha muitas dificuldades em certas partes da matéria. Então e tu, que é que contas? Tens estado aqui sozinha? – entretanto vai mexendo o café que pediu mal chegou, apesar de não ter metido açucar. Achei isso no mínimo curioso, é como se fosse um reflexo incondicionado.
A amiga responde-lhe:
- Não, achas que sim? Estive aqui com um bocado com o Miguel. Foi-se embora há 5 minutos ou assim, acho que foi para o ginásio.
Obviamente, ela estava a mentir. Estou aqui há mais de quinze minutos e ela esteve sempre sozinha.
- Qual Miguel? – pergunta-lhe.
- O Miguel que andava lá na escola o ano passado. Costumava andar com o grupo da Ana Vicente e do Matias. Sabes?
- Não estou a ver quem é… - responde-lhe a amiga, que bebe o café de uma só vez e faz uma careta própria de quem não está habituada a beber café sem açucar -...não é o Migas da Joana, pois não?
- Não, parva! Achas mesmo que esse vai ao ginásio? É melhor esquecer… - reparo que ela tenta desesperadamente mudar o rumo da conversa - …quem é aquele gajo que vinha aí contigo?
O resto da conversa já não ouvi.
Apetece-me fumar algo, nem que seja um cigarro. Depois lembro-me que os cigarros, além de provocarem o rápido envelhecimento da pele, causam mau hálito e mais uma meia centena de contratempos. Peço antes um copo de água e saio da esplanada, agora sim, em direcção à Praça do Giraldo. Chegado à Praça do Giraldo ouço um grupo de cerca de quinze caloiros a anunciarem alto e em bom som que o curso da UE com mais alegria é o curso de Economia. Vou pensando no quão alegres eles devem realmente estar, com penicos na cabeça e caras pintadas de cor-de-rosa. Tenho pena daqueles pobres bastardos - pensar que muitos deles vão passar o resto da vida à frente de secretárias, a fazerem contas de calculadora super-complexas e a alimentarem o sonho de, nem que seja por um só dia, virem a experimentar a verdadeira alegria de viver. Tiro o telemóvel do bolso para ver as horas, tenho uma mensagem recebida da Susana, uma estudante de Enfermagem que conheci no dia das matrículas, a perguntar-me o que é que vou fazer hoje à noite. Vou ponderando naquilo que hei-de responder enquanto me sento no Papasandes e peço uma tosta de carne assada e uma Super Bock média...
Friday, September 28, 2007
(S)em direcção a casa
21 horas e 29 minutos. No expresso que faz o percurso entre Lisboa e Santarém, com o portátil ligado à Internet, a ouvir o primeiro álbum de Bob Dylan nos fones, a beber uma Sagres de lata que consegui escapulir para dentro do autocarro, a escrever no diário com um sorriso malandro de quem confessa a si próprio vivências falsas a quem está de fora...
Wednesday, September 26, 2007
I-Doser
Depois contem-me como foi, vou só num instante ali a Coruche.